Desde criança um dos meus passatempos preferidos era apreciar o firmamento, suas belezas e a partir daquela época acalentei o desejo poder um dia observar a terra de longe, como fazia em relação à lua, os planetas, as estrelas e todo universo que meus curiosos e ainda inocentes olhos podiam ver e os meus sonhos alcançavam.
Isso sempre quando instalado e posicionado nos meus observatórios infantis, quer fossem nos mais altos galhos de uma mangueira do meu quintal, da torre da igreja ou outros ponto mais elevados que eu pudesse estar. As noites enluaradas ou mesmo escuras e cheias de estrelas, sempre me encantaram e encantam e me deixaram e deixam, ainda, perplexo e fascinado. Os mistérios e segredos que ali estão guardados, sempre provocaram em minha alma ilações das mais diversas.
O certo é que alguns anos atrás, ao acessar a internet, qual não foi minha surpresa, quando vi na tela do computador estampada a imagem que mostrava uma pequena e bela esfera azul, acompanhada por uma ainda menor. Estava ali o primeiro registro fotográfico da terra e lua a partir do planeta vermelho, Marte, que está a uma distância de 138 milhões de quilômetros de nós, pobres e mortais terráqueos. Registro feito e remetido pela sonda americana Mars Global Surveyor, da Nasa, lançada em 7 de novembro de 1996 no foguete delta a partir da Estação da Força Aérea de Cabo Canaveral, consagrando e realizando uma tentativa que vinha sendo tentada há muito tempo.
O fato se revestiu de importância única, pelo menos para mim, em vista de que ali estavam registrados os mundos que nos foi dada a oportunidade de conhecer e saber que são reais: a terra e a lua, muito embora depois já tenham sido registrados outros mundos pelo observatório denominado Telescópio espacial Hubble, que é um satélite astronômico artificial não tripulado, com grande lentes voltadas para a luz visível e infravermelha e lançado pelos Estados Unidos em abril de 1990 e que se encontra, até hoje, registrando galáxias com seus sóis e planetas situados aem distâncias inimagináveis e que a nossa limitada inteligência não consegue decifrar, coisas assim como centenas e até milhões de anos luz de distância.
Para se ter noção, ano-luz como o próprio nome diz, é a distância que a luz percorre no vácuo no período de um ano. Sendo que a velocidade da luz é igual a 300.000 km/s e que um ano tem 365 dias e 4 horas ou 31.550.400 segundos, temos que a distância percorrida pela luz no vácuo em 1 ano é, aproximadamente, 9.465.120.000.000 km (aproximadamente 10 trilhões de quilômetros).
Até onde as descobertas permitem o ser humano chegar, a velocidade da luz é a coisa mais rápida de que se tem notícia. Por esse motivo, os especialistas utilizam a luz para calcular distâncias no Sistema Solar e em outras partes do universo. Para se ter uma ideia, o Sol está a oito minutos-luz da Terra e a Lua está apenas a um segundo luz. Parece pouco, não é mesmo?
Voltando à imagem do computador, ali permaneci longo tempo observando e admirando aquela cena, colocando-me, em pensamento, dentro daquela da sonda que a produziu a imagem e questionando aquela ocorrência inédita e quase inacreditável. Pude constatar e desfazer algumas dúvidas que trazia comigo desde o tempo da infância. Certifiquei-me, uma vez mais, do quanto somos pequenos em relação a essa imensidão que se apresenta, em especial, todas as noites sobre todos nós. Tive a feliz oportunidade de execrar, ainda, o egoísmo de grande parte da humanidade, que nesse azáfama eletrizante do cotidiano despreza os mais próximos e cada um pensa tão somente em si próprio.
Aqueles dois pequenos pontos azuis que se apresentavam na tela, fez-me, por questão de consciência e mesmo diante dos parcos conhecimentos que ainda tenho, render-me à obstinação e soberania dos americanos. Estava ali, sob minhas vistas, uma imagem nunca vista por qualquer ser humano nos seus milhares de anos de existência.
Naquele momento, não pude deixar de me lembrar do mestre Padre Magalhães, professor no Ginásio João D’Abreu, em Dianópolis – GO/TO, que além do português, matéria que ensinava com maestria, sempre embasado nas raízes latina e grego, era, também, um exímio lente de conhecimentos gerais, de psicologia e filosofia de vida, que hoje constatamos serem verídicas pelo que encontramos nos caminhos que palmilhamos na nossa estrada.
Dentre os diversos conceitos, aquele mestre nos ensinava que Roma havia sido a cabeça do mundo por, aproximadamente, 800 anos. Dizia sempre: “Roma, caput mundi.” Naquela metrópole se concentrou, à época, toda a potência do velho mundo, tanto estratégico como econômico e bélico. Mas, também, sempre afirmou que o poder sobre a terra é passageiro e nunca se eterniza, como foi o caso daquele antigo império.
Diante de tantos fatos inéditos que nos tem proporcionado o povo americano, das tecnologias tão avançadas que dominam, do poderio bélico inigualável, não poderíamos dizer que hoje os Estados Unidos da América são a cabeça do mundo? Com certeza, sim. Mas até quando? Só o futuro nos dirá.
“Quem tem ouvidos que ouça, quem tem olhos que veja!”
José Cândido Póvoa – Poeta, escritor e advogado.