CONHECIMENTO E CULTURA

Vale a pena produzir um livro

Diz a sabedoria popular que ter e cuidar de filhos, plantar uma árvore e escrever um livro, são premissas que credenciam a pessoa, se não a perpetuar, pelo menos fazer com que fique marcada na memória de muitos, ou pelo menos para aqueles que lhe são mais caros.

Das três premissas, faltava tão somente a última para que inserisse o meu nome no rol dos que têm o passaporte pronto para a viagem rumo ao sol posto.

A primeira premissa encerra em si talvez a maior responsabilidade, algo inimaginável quando ainda não a conhecemos ou a vivenciamos, pois educar e ensinar o caminho do bem para  pessoas, em especial aos filhos, não é tarefa fácil, principalmente neste mundo tão conturbado pelos interesses pessoais e materiais, quando vemos e vivenciamos que a competitividade instalou-se nos seres contemporâneos  como um vírus que visa, acima de tudo, corromper os princípios dos valores familiares e olha que para esse mal ainda não descobriram ou inventaram um antídoto, pelo contrário, ele vem sendo alimentado e disseminado pelo individualismo e o consumismo exacerbados e que se apresenta como um falso passaporte para a tão sonhada realização humana.

Ter, criar e educar filhos, não se torna tarefa fácil, afinal trata-se de seres humanos com quem estamos lidando, preparando e talhando-os para os embates da vida, fazendo-os entender os valores verdadeiros e essenciais. Temos a obrigação de ensiná-los a ser amigos fieis, cidadãos de bem e, acima de tudo, respeitar os direitos do próximo.

A segunda premissa, qual seja, plantar pelo menos uma árvore, é uma tarefa que embora pareça simples, muitos por aqui passaram, passam e passarão e não se desincumbiram e não desincumbirão de executá-la. Plantar uma árvore é semear vida, é resguardar o futuro de gerações, é colaborar com a natureza que tudo nos oferece sem nada cobrar e muitas vezes sem nada receber. É ser partícipe desse ciclo maravilhoso terra/água/semente/árvore/terra e pó.

A terceira e última, escrever um livro, é quando você consegue transportar para o papel os sonhos acalentados de muitas formas em todas as etapas da vida. As realizações, as frustrações, as alegrias e as tristezas, as vitórias e derrotas, os amores e desamores e por aí afora. Pode parecer uma tarefa fácil, mas só quem já viveu a experiência de escrever e publicar um, sabe das dificuldades que temos de enfrentar, haja vista a cultura arraigada do nosso povo em não gostar tanto de ler, sem contar a grande parcela dos homens públicos que também assim agem, que, embora sejam responsáveis pela condução dessa tarefa tão importante da política nacional, muitos se quer leram um livro durante a vida, talvez aí se encerre o motivo  da falta de incentivo para a formação de cidadãos e cidadãs cônscios da responsabilidade que cabe a cada um para o futuro de um Brasil livre das amarras da ignorância e insensatez.

No meu caso, o livro intitulado Poemas Azuis, marcou a minha estreia no mundo da literatura e cujo lançamento se deu algum tempo atrás em minha terra natal, Dianópolis – To/Go., antigo nordeste de Goiás, hoje sudeste do Tocantins, onde tenho a honra de compor a Academia de Letras, ocupando a cadeira número 12.

Noite inesquecível pelo apoio, solidariedade e prestígio de todos familiares e conterrâneos. Se não bastasse as emoções naturais do lançamento do meu primeiro livro, some-se a isso os acontecimentos, dentre eles quando fui surpreendido por muitos compatrícios e conterrâneos que embora tendo o desejo de adquirirem um exemplar, não tinham dinheiro para tal, o que me levou a entregá-lo   para muitas pessoas sem nada receber em valor monetário, embora a recompensa interior tenha sido bem mais valiosa.

E diante dessa realidade, surge no estande um rapaz de nome Arturzinho, que a despeito de alguns problemas mentais, intercalava em suas ações atitudes de muita inteligência. Tanto é que após receber um exemplar do meu livro, fez de tudo para levar também um cd, onde estão gravados vários poemas. Ponderei que quanto ao livro tudo bem, uma vez que o mesmo fôra patrocinado por  um  primo amigo de infância, mas que o disco era produção própria custeado com minhas suadas economias. Não satisfeito dava algumas voltas pela praça e retornava insinuando o desejo de obter um cd. Usou de todos os meios no intuito de convencer-me. Já quase no final da noite de autógrafos, lá vem o Arturzinho oferecendo-me um quilo de feijão, sugerindo que o saboreasse no dia seguinte. Diante daquele fato não me restou alternativa senão entregar-lhe o disco acompanhado de seu quilo de alimento. Satisfeito saiu a mostrar a todos como um troféu que acabara de receber.

E, assim, na reflexão daqueles momentos vividos, ficou a certeza de que os acontecimentos e o fato do lançamento do livro em si é uma parcela importante de colaboração para a cultura do nosso povo, além de outros que tocaram profundamente meu coração e que me fazem afirmar, sem medo de errar, que vale a pena produzir e editar um livro.

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Olá